Resultados do estudo INDIGO publicados na New England Journal of Medicine (NEJM) demonstraram que vorasidenib melhorou significativamente a sobrevida livre de progressão e retardou o tempo até a próxima intervenção em pacientes com gliomas de baixo grau IDH mutado. Camilla Yamada (foto), oncologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo e chair do LACOG Neuro-Oncology, comenta os resultados.
“Os gliomas de grau 2 com mutação na enzima isocitrato desidrogenase (IDH) são tumores cerebrais malignos que causam incapacidade considerável e morte prematura. Vorasidenib, (VOR), um inibidor de enzimas mutantes IDH 1/2, mostrou atividade preliminar em gliomas IDH mutado”, contextualizam os autores.
Nesse estudo duplo-cego de fase 3 foram randomizados pacientes com glioma IDH mutante, de grau 2, residual ou recorrente, que não haviam sido submetidos a nenhum tratamento anterior além de cirurgia, para receber vorasidenib oral (40 mg uma vez ao dia) ou placebo correspondente em ciclos de 28 dias. O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão (SLP) baseada em imagem de acordo com a avaliação cega por um comitê de revisão independente. O endpoint secundário chave foi o tempo para a próxima intervenção anticancerígena. O cruzamento de placebo para vorasidenib foi permitido na confirmação da progressão da doença baseada em imagem. A segurança também foi avaliada.
Resultados
Um total de 331 pacientes foram randomizados para receber vorasidenib (168 pacientes) ou placebo (163 pacientes). Em um acompanhamento médio de 14,2 meses, 226 pacientes (68,3%) continuaram a receber vorasidenib ou placebo. A sobrevida livre de progressão melhorou significativamente no grupo vorasidenib em comparação com o grupo placebo (mediana de SLP, 27,7 meses vs. 11,1 meses; hazard ratio para progressão da doença ou morte, 0,39; 95% CI, 0,27 a 0,56; P<0,001).O tempo para a próxima intervenção foi significativamente melhorado no braço vorasidenib em comparação com o grupo placebo (hazard ratio, 0,26; 95% CI, 0,15 a 0,43; P <0,001).
Eventos adversos de grau 3 ou superior ocorreram em 22,8% dos pacientes que receberam vorasidenib e em 13,5% daqueles que receberam placebo. Um aumento do nível de alanina aminotransferase de grau 3 ou superior ocorreu em 9,6% dos pacientes que receberam vorasidenib e em nenhum paciente que recebeu placebo.
“Os gliomas grau 2 com mutação de IDH acometem pacientes com mediana de idade jovem, portanto, o impacto em morbidade e mortalidade causado por esses tumores é tão impactante. Os dados do INDIGO trial apresentados, com o vorasidenibe demonstrando incremento significativo em sobrevida livre de progressão e tempo para próxima intervenção, são desfechos excelentes para os pacientes com gliomas grau 2 IDH mutantes, além de ser uma opção a mais para o manejo que mudará completamente o tratamento padrão que é recomendado hoje", observa Camilla Yamada. "É importante enfatizar que ainda não temos disponível no mercado mundial, com previsão para 2024", conclui.
O estudo financiado pela Servier; número INDIGO ClinicalTrials.gov, NCT04164901.
Referência: Vorasidenib in IDH1- or IDH2-Mutant Low-Grade Glioma - Ingo K. Mellinghoff, M.D., Martin J. van den Bent, M.D., Deborah T. Blumenthal, M.D., Mehdi Touat, M.D., Katherine B. Peters, M.D., Jennifer Clarke, M.D., M.P.H., Joe Mendez, M.D., Shlomit Yust-Katz, M.D., Liam Welsh, M.D., Ph.D., Warren P. Mason, M.D., François Ducray, M.D., Yoshie Umemura, M.D., et al. August 17, 2023. N Engl J Med 2023; 389:589-601. DOI: 10.1056/NEJMoa2304194