Onconews - Atualização Científica - Page #10

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A cardiotoxicidade secundária ao tratamento do câncer é um problema crescente para cardiologistas e oncologistas, uma vez que sua ocorrência pode ter um grande impacto nos resultados do tratamento e na evolução clínica do paciente. A manifestação mais típica da toxicidade cardíaca é a disfunção sistólica do ventrículo esquerdo, levando à insuficiência cardíaca. Entretanto, o espectro de agressões ao sistema cardiovascular é mais amplo e inclui: síndrome coronariana aguda, hipertensão, arritmias, pericardite e fenômenos tromboembólicos. Pacientes que estão em tratamento oncológico se tornam mais propensos a apresentar problemas cardíacos e apresentam maior tendência a desenvolver doença cardíaca precoce e morte quando comparados à população geral. A melhor abordagem para a cardiotoxicidade é a prevenção.

É essencial que todo paciente para o qual se planeja um tratamento com potencial cardiotóxico tenha seu risco cardiovascular avaliado e que seja traçada uma estratégia de monitoramento da função cardíaca. Acompanhamento periódico da função ventricular com ecocardiograma, dosagem de biomarcadores, e limitação de dose de quimioterápicos, como antraciclina, são medidas que podem ser adotadas no acompanhamento cardio-oncológico.

Os efeitos cardiotóxicos da quimioterapia podem potencialmente ser reduzidos pelo uso concomitante dos inibidores da enzima conversora de angiotensina, bloqueadores do receptor de angiotensina ou beta bloqueadores. Terapia antiplaquetária ou anticoagulante pode ser indicada em pacientes com um estado de hipercoagulabilidade relacionado ao câncer, ou ao seu tratamento. Cardio-Oncologia ou Onco-cardiologia são termos criados para descrever uma medicina integrativa entre cardiologistas e oncologistas. Um diálogo aberto entre estas duas especialidades se faz fundamental para uma assistência de excelência ao paciente com câncer.