Critérios de função renal podem excluem minorias de ensaios clínicos
Estudo com mais de mil pacientes com LMA apresentado no ASH 2019 revelou que os afro-americanos são mais propensos a apresentar evidências de funcionamento renal anormal do que os brancos; no entanto, essa diferença não está associada a nenhuma diferença na sobrevida global. As descobertas têm implicações para o desenho de ensaios clínicos, que podem excluir minorias desnecessariamente.
Trabalho apresentado no ASH 2019 analisou quase 1,5 mil participantes de ensaios clínicos e demonstrou que crianças de regiões mais pobres tiveram probabilidade 2,4 vezes maior de morrer durante o tratamento para leucemia mieloide aguda (LMA) em comparação com aquelas que vivem em bairros de média e alta renda. Embora pesquisas anteriores tenham apontado disparidades raciais na sobrevivência ao câncer, o novo estudo é o primeiro a identificar o status socioeconômico como um contribuinte essencial para as disparidades entre crianças com LMA que foram incluídas em ensaios clínicos.
Principal encontro da hematologia mundial, a 61ª edição do congresso da Sociedade Americana de Hematologia (ASH 2019) reúne cerca de 3 mil abstracts para apresentação oral e em pôster. O evento acontece entre os dias 7 e 10 de dezembro, em Orlando, Flórida.
A ESMO 2019 reuniu o melhor da pesquisa mundial em câncer e estudos aguardados foram selecionados para apresentação em late breaking abstracts, de 27 de setembro a 1º de outubro no encontro de Barcelona. Os inibidores de PARP e de múltiplas ciclinas estão entre os destaques do congresso europeu, com dados que impactam a prática clínica.
Não é exagero dizer que a ESMO 2019 foi o ano da oncoginecologia, com dados que impactam a prática clínica e abrem novas perspectivas para médicos e pacientes. Os resultados do estudo PAOLA-1/ENGOT-ov25 apresentados em Sessão Presidencial no congresso europeu pela oncologista Isabelle Ray-Coquard (foto), da Université Claude Bernard, em Lyon, mostraram que o regime de manutenção com o inibidor da PARP olaparibe adicionado ao antiangiogênico bevacizumabe melhora a sobrevida livre de progressão em pacientes com câncer de ovário com e sem mutação BRCA.
Resultados apresentados no congresso europeu mostraram que pacientes com câncer de mama avançado receptor hormonal têm benefício de sobrevida global com o inibidor de CDK4/6 ribociclibe.
Estudos apresentados no ESMO 2019 apoiam uso da observação e da radioterapia de resgate no câncer de próstata. No câncer urotelial, o estudo IMvigor130 foi o primeiro a testar imunoterapia em pacientes elegíveis e inelegíveis à quimioterapia. “Esta é uma nova opção para o tratamento inicial de pacientes com câncer urotelial metastático”, disse o autor, Enrique Grande (foto), do MD Anderson Cancer Center.
Em ano de poucas novidades no panorama GI, promessas no tratamento do colangiocarcinoma foram destaque no programa científico. Os dados apresentados na ESMO 2019 por Ghassan Abou-Alfa (foto), do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, mostraram pela primeira vez que uma terapia-alvo direcionada à mutação do isocitrato desidrogenase 1 (IDH1) pode melhorar os resultados de pacientes com colangiocarcinoma avançado.
Na oncologia torácica, novas evidências reforçam benefício da biópsia líquida. A imunoterapia também volta a apresentar bons resultados, com destaque para os estudos IMpower 110, com o anti PD-L1 atezolizumabe no câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC); e FLAURA, que avaliou o TKI-EGFR de terceira geração osimertinibe no CPNPC com mutação Ex19del / L858R EGFR.
Uma metanálise de ensaios clínicos randomizados realizada por pesquisadores da BP- A Beneficência Portuguesa de São Paulo, buscou caracterizar a incidência e os riscos relativos (RR) de quedas e fraturas em pacientes com câncer de próstata resistente à castração tratados com novos agentes hormonais. Apresentado por Rodrigo Mariano (na foto, à esquerda) e Ana Cláudia Galdino na sessão de pôster do ESMO 2019, o trabalho teve o oncologista Fábio Schutz como autor sênior.
Estudo brasileiro aceito na ESMO 2019 avaliou 97 pacientes adultos com osteossarcoma localizado tratados com quimioterapia sem adição de metotrexato (MTX). Os dados foram apresentados por Marília Silva e mostram resultados desfavoráveis de sobrevida global quando MTX é retirado do esquema MAP (metotrexato, doxorrubicina e cisplatina).