SBRT no câncer de mama oligometastático não aumenta sobrevida
Estudo randomizado de Fase IIR/III (NRG-BR002) destacado em sessão oral no ASCO 2022 procurou determinar a eficácia da terapia sistêmica padrão associada ao tratamento direcionado às metástases, como radioterapia corporal estereotática (SBRT) ou ressecção cirúrgica (SR), como primeira linha do câncer de mama oligometastático. Os resultados apresentados mostram que o tratamento direcionado às metástases não melhorou a sobrevida quando adicionado à terapia padrão.
No ensaio SOLAR-1, alpelisibe (ALP) combinado a fulvestranto (FUL) melhorou a sobrevida livre de progressão (SLP) versus placebo (PBO) + FUL em pacientes com câncer de mama avançado HR+, HER2-negativo que progrediram após tratamento com um inibidor de aromatase. No ASCO 2022, os pesquisadores apresentam dados de eficácia de alpelisibe nas coortes com e sem PIK3CA alterada, correlacionando os resultados com o perfil genômico. “Este estudo ressalta a real necessidade de biomarcadores preditivos aos tratamentos para os pacientes com câncer de mama metastático”, observa o oncologista Evandro de Azambuja (foto), do Instituto Jules Bordet, na Bélgica.
Estudo de fase II, multicêntrico, randomizado, avaliou a eficácia de fulvestranto ou exemestano +/- ribociclibe em pacientes com câncer de mama metastático HR+HER2- que progrediram a qualquer inibidor de ciclinas (CDK 4/6i) + qualquer terapia endócrina (TE). Os resultados foram apresentados no ASCO 2022 em sessão oral (Abstract # LBA1004). "O estudo trouxe dados muito importantes para esse perfil de pacientes. A resposta em sobrevida livre de progressão foi expressiva no subgrupo ESR1 WT com hazard ratio de 0.30. O estudo confirma o quão complexo é o mecanismo de resistência endócrina e dá embasamento para futuros trials nessa população", avalia o oncologista Fabio Franke (foto), diretor do Oncosite Centro de Pesquisa Clínica em Oncologia.
O estudo CASPIAN de Fase 3 estabeleceu durvalumabe + platina e etoposide (D+EP) como padrão global de tratamento no câncer de pulmão de pequenas células escamoso (ES-SCLC). Agora, pela primeira vez, são apresentados no ASCO 2022 os critérios de terminologia comum para eventos adversos (PRO-CTCAE) relatados pelos próprios pacientes.
Priscila Barreto Coelho (foto), da University of Miami - Miller School of Medicine/Sylvester Comprehensive Cancer Center, apresenta na sessão de pôster de sarcoma do ASCO 2022 sua coorte de pacientes com sarcoma sinovial e discute a presença de vias de resposta a danos no DNA (DDR) nesse raro tumor de partes moles. A oncologista foi contemplada com o Annual Meeting Merit Awards, destinado a jovens oncologistas que são os primeiros autores de trabalhos de alta qualidade selecionados para apresentação no congresso de Chicago.
Apresentado em sessão oral, estudo que avaliou se pacientes com carcinoma nasofaríngeo de risco intermediário (estágio II e T3N0M0) tratados com radioterapia de intensidade modulada podem ser poupados de quimioterapia concomitante (CCRT) mostrou que a radioterapia isolada foi capaz de fornecer controle de doença e sobrevida comparável a CCRT nesses pacientes, com toxicidade reduzida.
A adição de docetaxel à radioterapia melhorou a sobrevida livre de doença e a sobrevida global no carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço localmente avançado (LAHNSCC, da sigla em inglês), em pacientes inelegíveis para cisplatina e representa uma nova opção de tratamento. É o que aponta estudo randomizado de Fase 3 que explorou docetaxel como radiossensibilizador nessa população de pacientes. Aline Chaves (foto), presidente do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço e diretora do Grupo DOM Oncologia, comenta os resultados.
Resultados de estudo prospectivo randomizado de Fase II (AURA/Oncodistinct-004) são tema de Poster Discussion no ASCO 2022, em apresentação de Nieves Martinez Chanza, oncologista do Instituto Jules Bordet. A análise discute avelumabe como base do regime neoadjuvante em pacientes com câncer de bexiga músculo invasivo não metastático elegíveis e não elegíveis para platina e revela que avelumabe como agente único neoadjuvante resultou em alta taxa de resposta (pCR) e downstaging patológico.
Análise primária do ensaio de Fase II de braço único SAKK 06/17 foi selecionada em Poster Discussion no ASCO 2022 (Abstrc 4515). Os resultados mostram que a adição de durvalumabe perioperatório ao padrão de cuidados melhorou os resultados de pacientes com carcinoma urotelial músculo-invasivo operável (MIUC).
Resultados de longo prazo (24 meses) do estudo de Fase 3 que avalia enfortumabe vedotina versus quimioterapia em pacientes com carcinoma urotelial avançado previamente tratados foram tema de Poster Discussion no ASCO 2022. Nesta análise, o anticorpo droga conjugado confirmou benefício nessa população, prolongando em 3,97 meses a mediana de sobrevida global em comparação com a quimioterapia.
A nefrologista Verônica Torres Costa e Silva (foto), do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), é primeira autora de estudo brasileiro selecionado em pôster no ASCO 2022, em análise que tem a participação de Maria Del Pilar Estevez Diz, Gilberto Castro e outros pesquisadores do ICESP. Os resultados mostram que o coeficiente associado à raça deve ser removido das equações para avaliar a taxa de filtração glomerular estimada, o que representa um avanço e deve ser incorporada no tratamento do câncer, concluem os autores.