Onconews - 2024 - Page #20

Coberturas Especiais 2024

A oncologista Natália Nunes (foto) é primeira autora de estudo multicêntrico selecionado no programa do SABCS 2024, que avaliou os resultados relatados pelas pacientes (PRO), considerando mulheres com câncer de mama na pré-menopausa que receberam ou não supressão da função ovariana. “Nosso estudo enfatiza a necessidade de uma abordagem personalizada e empática no atendimento a essas pacientes, assim como destaca a necessidade de avaliações regulares de saúde sexual por profissionais de saúde oncológicos”, analisam os autores.

A disparidade racial pode ser um fator crítico que influencia o acesso e a qualidade dos serviços de saúde, incluindo o rastreamento e o diagnóstico do câncer de mama (CM). A mastologista Juliana Francisco (foto) apresentou no SABCS 2024 estudo que mostra profundas disparidades no rastreamento, diagnóstico e tratamento do CM no Brasil, indicando que 46,5% das mulheres pretas receberam diagnóstico de CM em estágio 3 ou 4 no período avaliado, comparado a 35,5% em mulheres brancas, e 65,5% das mulheres pretas iniciaram o tratamento após 60 dias. “Somente através de abordagens integradas e inclusivas será possível garantir que todas as mulheres, independentemente de sua raça ou etnia, tenham acesso igualitário a cuidados de saúde de qualidade e, assim, melhorar o impacto nas taxas de sobrevida ao câncer de mama e na qualidade de vida”, destacam os autores.

A revisão de biópsia externa de rotina por patologistas institucionais é uma prática implementada por muitos centros de câncer. No entanto, obter uma revisão patológica central rápida e eficiente pode ser desafiador em países de baixa e média renda, assim como o atraso no processo de revisão pode dificultar o início oportuno do tratamento, apresentando desafios adicionais para os pacientes. Estudo do INCA apresentado no SABCS 2024 mostrou alto índice de concordância entre biópsias de mama externas e internas, em análise que tem como primeira autora a oncologista Ana Carolina Teixeira Pires (foto).

Análise do estudo DESTINY Breast12 apresentada no SABCS 2024 por Nadia Harbeck  (foto) relatou o efeito de trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) na qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) e na função neurológica de pacientes com câncer de mama metastático HER2+ com e sem metástases cerebrais. Os resultados mostram que a QVRS e a função neurológica foram preservadas na maioria dos pacientes recebendo T-DXd.

O tratamento com trastuzumabe deruxtecana melhorou os resultados dos pacientes com câncer de mama metastático HER2-low (imuno-histoquímica [IHC] 1+ ou IHC 2+ com hibridização in situ negativa) em comparação com o tratamento padrão, como demonstram os ensaios DESTINY-Breast04 e DESTINY-Breast06. Estudo global selecionado no SABCS 2024 apresentou a concordância do teste VENTANA Pathway 4B5 com outros comparadores na identificação do câncer de mama HER2-low, reforçando que o conhecimento das novas opções de tratamento disponíveis, o treinamento de patologistas e a otimização dos métodos analíticos são fundamentais para a identificação precisa de pacientes com níveis de expressão de HER2 clinicamente acionáveis.

Uma nova pesquisa clínica avaliando a combinação do anti-PD-L1 durvalumabe (durva) com o conjugado anticorpo-fármaco datopotamabe deruxtecan (Dato-DXd) espera dar respostas a uma necessidade não atendida para pacientes com câncer de mama triplo negativo metastático com recidiva precoce. O desenho do estudo e seus principais objetivos foram apresentados no San Antonio Breast Cancer Symposim.

O carcinoma lobular invasivo é a segunda histologia mais comum do câncer de mama e tem menor taxa de resposta à quimioterapia comparada aos tumores ductais/sem tipo especial (NST). Laura Testa (foto), oncologista do ICESP, é autora sênior de estudo selecionado no SABCS 2024, que descreve resultados de sobrevida de uma coorte institucional de pacientes com carcinoma lobular invasivo. “Em nosso estudo, a sobrevida livre de doença e a sobrevida global foram maiores para quimioterapia adjuvante do que neoadjuvante, especialmente para os estágios I e II”, descreve o trabalho, que tem como primeiro autor o oncologista Raelson Miranda (foto).

A radioterapia (RT) é frequentemente necessária no cenário metastático, seja para fins paliativos ou com intenção ablativa em casos de doença oligometastática ou oligoprogressiva. Estudo que avaliou a segurança do uso concomitante de trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) e RT em uma coorte internacional multicêntrica de pacientes com câncer de mama apresentou no SABCS 2024 resultados preliminares,  mostrando que a combinação  não aumentou a toxicidade aguda grave.

Diretrizes atuais recomendam monitorar a fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) a cada 3 meses em pacientes que recebem terapia anti- HER2. Meta-análise apresentada no SABCS 2024 revela que a incidência de cardiotoxicidade foi maior com trastuzumabe quando comparada a trastuzumabe emtansina (T-DM1) e trastuzumabe deruxtecana (T-DXd). No entanto, o risco de cardiotoxicidade sintomática foi baixo, variando de 0,3 (T-DXd) a1,6% (trastuzumabe). “Nossos achados sugerem que a incidência de cardiotoxicidade clinicamente relevante é baixa e, portanto, o monitoramento da FEVE a cada 3 meses pode não ser necessário. Monitoramento menos frequente pode diminuir o número de visitas para os pacientes, bem como a toxicidade financeira”, analisam os autores. O estudo tem participação da brasileira Maria Clara Saad (foto), atualmente na Harvard T. H. Chan School of Public Health.

Estudo de pesquisadores do A.C.Camargo Cancer Center selecionado para apresentação em pôster no SABCS 2024 revisou o perfil clínico, histológico e genômico de pacientes com câncer de mama luminal tratados com inibidores de CDK4/6 em busca de variáveis ​​preditivas de melhores respostas. A oncologista Elizabeth Santana dos Santos é a autora sênior do trabalho, que tem Lucas Gouvêa como primeiro autor.

Análise que utilizou tecido de câncer de mama de pacientes com doença RH+ HER2 – inicial para avaliar a concordância de diferentes testes de expressão gênica de classificação de risco mostrou fraca correlação entre  eles, com discrepâncias no valor prognóstico dos testes MammaPrint®, EndoPredict® e PAM50 em 40% das amostras ocasionando recomendações conflitantes em 10% dos pacientes. “Os resultados enfatizam a necessidade urgente de mais análises comparativas de testes multigenômicos para evitar classificações errôneas no risco de recorrência da doença em pacientes com câncer de mama”.