Onconews - 2024 - Page #19

Coberturas Especiais 2024

Judy Boughey (foto), da Mayo Clinic, apresentou no SABCS 2024 resultados do estudo da Alliance (AO11202) com pacientes com câncer de mama, mostrando que naquelas com  doença residual nodal positiva após quimioterapia neoadjuvante, a taxa de doença nodal adicional na conclusão da linfadenectomia (ALND) foi de 46% e aumentou com a presença de macrometástases do linfonodo sentinela (SLN) e com o aumento do número de SLNs positivos. Os achados no grupo ALND resultaram em aumento de 24,7% na categoria ypN, aumento que foi menos frequente na doença HER2+.

Em 2020, durante a pandemia de COVID-19, a redução no número de mamografias realizadas no Brasil em relação a 2019 foi de 39,6%, como aponta estudo selecionado em poster no SABCS 2024, que tem como primeiro autor o oncologista André Mattar (foto). O trabalho sugere o impacto da pandemia em atrasos na detecção e no diagnóstico do câncer de mama, que resultaram na identificação tardia de estágios mais avançados da doença.

Subanálise do estudo LATINA Breast selecionada no programa do San Antonio Breast Cancer Symposium, em apresentação de Gustavo Werutsky (foto), mostra dados de pacientes de 31 centros de tratamento do câncer em 10 países da América Latina e revela que o Brasil tem o maior tempo entre o diagnóstico do câncer de mama inicial e o primeiro tratamento, com mediana de 87 dias, enquanto Cuba aparece com o menor tempo, com mediana de 14,5 dias entre a data da biópsia e o início do tratamento. No geral, 46,1% das pacientes avaliadas aguardaram mais de 60 dias para o primeiro tratamento. Evidências mostram que atrasos no início do tratamento para câncer de mama inicial estão associados a maiores taxas de recidiva e mortalidade.

Os resultados do corte de dados da fase de expansão da dose (Parte 2) do estudo DESTINY-Breast08 mostram que tanto T-DXd + capecitabina (CAPE) quanto T-DXd + capivasertibe (CAPI) demonstraram atividade antitumoral e os perfis de segurança foram consistentes com o perfil de segurança conhecido de cada agente.

A maioria dos estudos sobre mutações da linha germinativa e risco de câncer ao longo da vida foram conduzidos em países desenvolvidos. No SABCS 2024, Danielle Maia (foto) e colegas apresentaram resultados de estudo que buscou descrever o espectro de mutações da linha germinativa no estado do Ceará. A análise indicou a presença de variantes patogênicas associadas à síndrome de mama e ovário familiar em 8,7% das amostras avaliadas e enfatizou o papel da regionalidade na distribuição e prevalência de variantes específicas.

O conjugado trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) mostrou benefício clínico e estatisticamente significativo de sobrevida livre de progressão (SLP) em pacientes com  câncer de mama metastático receptor hormonal positivo (RH+) e HER 2 low ou ultralow que progrediram da doença após terapia endócrina, diminuindo o risco de progressão da doença ou morte principalmente no subgrupo com rápida progressão (mediana, 14,0 vs 6,5 meses; HR 0,38). É o que demonstra nova análise do estudo de Fase 3 DESTINY-Breast06 apresentado por Aditya Bardia (foto) no SABCS 2024, com resultados que destacam o potencial de T-DXd como tratamento inicial após 1 linha de terapia endócrina para pacientes com câncer de mama metastático receptor hormonal positivo, com HER2-low/ultralow.

Embora vários fatores contribuam para o desenvolvimento da obesidade, pesquisas indicam que a perda de hormônios ovarianos aumenta a probabilidade de ganho de peso em mulheres. Estudo de pesquisadores do AC Camargo Cancer Center apresentado no SABCS 2024 descreveu as modificações do peso corporal durante supressão ovariana adjuvante em mulheres na pré-menopausa com câncer de mama luminal. O trabalho tem como primeira autora a oncologista Izabela Porto Ferreira (foto) e ressalta a necessidade de gerenciamento para mitigar o risco de ganho de peso e suas implicações nos resultados das pacientes.

Letícia Kimie Murazawa (foto) é primeira autora de estudo selecionado em poster no SABCS 2024, com resultados de uma coorte brasileira de pacientes com câncer de mama triplo negativo com doença inicial. A análise considerou desfechos clínicos de acordo com a raça/etnia em pacientes tratadas com quimioterapia neoadjuvante e mostra que mulheres negras tiveram melhor sobrevida global e sobrevida livre de eventos do que mulheres brancas na coorte avaliada. O trabalho tem como pesquisadora sênior a oncologista Renata Colombo Bonadio (na foto, à direita).

Caso cumpra os principais desfechos, o estudo internacional de Fase II TUXEDO-4 pode introduzir trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) como um tratamento promissor para pacientes com câncer de mama HER2-low com metástase cerebral recém-diagnosticada ou em progressão, com ou sem doença leptomeníngea tipo II (DLM). O desenho do estudo e seus objetivos foram apresentados no San Antonio Breast Cancer Symposium.

A ASCO desenvolveu medidas de qualidade sobre a administração de terapia endócrina adjuvante, radioterapia e quimioterapia para melhorar a qualidade e acessibilidade do tratamento do câncer. A oncologista Anne Dominique Nascimento Lima (foto) e colegas aplicaram essas medidas para descrever a qualidade do atendimento oferecido a mulheres com câncer de mama em uma das unidades do Instituto Nacional do Câncer (HC III/INCA). O trabalho foi apresentado no SABCS 2024 e mostra que idade acima de 60 anos, estadiamento avançado e radioterapia adjuvante foram preditores de não concordância com as medidas de qualidade da ASCO na coorte avaliada.

Jessé Lopes da Silva (foto), pesquisador do INCA, é primeiro autor de estudo selecionado em poster no SABCS 2024, com achados que mostram correlação inversa entre a proporção de óbitos domiciliares por câncer de mama (CM) no Brasil e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) regional, revelando que pacientes das regiões de menor IDH do Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentaram maiores taxas de óbitos domiciliares na comparação com as regiões Sudeste e Sul, de maior IDH. “Esses achados ressaltam a necessidade de políticas que abordem o impacto de fatores sociais como raça, educação e IDH na localização dos cuidados de fim de vida para pacientes com CM no Brasil”, analisam os autores.