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ESMO 2024

No estudo LAURA, osimertinibe aumentou a sobrevida livre de progressão (SLP) de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) irressecável, estágio III, com mutação de EGFR, sem progressão após quimiorradioterapia definitiva, com benefício clínico e estatisticamente significativo. No ESMO 2024 novos dados demonstram que osimertinibe diminuiu o risco de progressão ou morte por metástases cerebrais (HR =0,17) e aumentou significativamente a SLP nessa população de pacientes.

Apresentado em sessão plenária no ESMO 2024, o estudo de Fase 3 NIAGARA mostrou que durvalumabe perioperatório combinado com quimioterapia neoadjuvante resultou em melhorias significativas na sobrevida livre de eventos e na sobrevida global em comparação com a quimioterapia neoadjuvante isoladamente em pacientes com com câncer de bexiga músculo-invasivo resecável. “Este novo esquema de tratamento é uma potencial nova opção padrão para o tratamento dessa poúlação de pacientes”, afirmou Ariel Kann (foto), oncologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e coautor do trabalho, que teve publicação simultânea na New England Journal of Medicine (NEJM).

Em pacientes com câncer de mama metastático receptor hormonal positivo (RH+), HER2-low ou HER2-ultralow que receberam uma ou mais linhas de terapia endócrina, o tratamento com trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) resultou em uma sobrevida livre de progressão mais longa em comparação com a quimioterapia padrão. Os resultados são do ensaio de Fase 3 DESTINY-Breast06, apresentado no ESMO 2024 e publicado simultaneamente na New England Journal of Medicine (NEJM), em artigo com participação do oncologista brasileiro Carlos Barrios (foto).

O estudo MYTHOS  é o primeiro estudo de fase II a avaliar  trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) em pacientes com câncer de glândulas salivares HER2+ (IHC 3+ ou IHC 2+/ISH+) ou HER2-low (IHC 1+ ou IHC 2+/ISH-). Os resultados da coorte HER2+ foram apresentados no ESMO 2024 e sugerem que T-DXd pode ser uma opção de tratamento eficaz nessa população de pacientes com doença recorrente/metastática.

O estudo de Fase 2, multicêntrico e aberto TROPION-PanTumor03 (NCT05489211) compreende coortes independentes que avaliam o conjugado anticorpo-fármaco direcionado a TROP2  datopotamab-deruxtecan (Dato-DXd) em vários tipos de tumores, como monoterapia ou em combinação. No ESMO 2024, os resultados de pacientes que receberam monoterapia com Dato-DXd no câncer de ovário e no câncer endometrial após tratamento prévio foram apresentados em sessão mini-oral, com taxas elevadas de controle da doença e respostas sustentadas, demonstrando eficácia encorajadora  e perfil de segurança controlável.

Náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia (NVIQ) são uma condição prevalente e que exige profilaxia. O oncologista Ricardo Caponero (foto) é autor de estudo selecionado no ESMO 2024 com resultados do programa de avaliação de prática pessoal THRIVE (Training to Help Reduce CINV ratEs), que avaliou a conscientização de enfermeiros, farmacêuticos e oncologistas sobre NVIQ e sua adesão às diretrizes de gerenciamento propostas.

Pacientes diagnosticados com câncer de próstata com idade >70 anos correm maior risco de morte relacionada à doença na comparação com aqueles diagnosticados com idade ≤70 anos. No estudo EMBARK, enzalutamida ± leuprolide prolongou significativamente a sobrevida livre de metástases (SLM) em pacientes com câncer de próstata de alto risco com recorrência bioquímica. Análise post hoc com participação do oncologista Flávio Carcano (foto) foi selecionada no ESMO 2024 com os resultados por idade, demonstrando que enzalutamida em combinação ou em monoterapia melhorou a SLM em ambas as faixas etárias avaliadas.

Diante da crescente utilização de resultados relatados eletronicamente pelo paciente (ePROs), estudo brasileiro selecionado em poster no ESMO 2024 avaliou sua integração na prática de cuidados paliativos em uma rede de assistência oncológica. Os resultados foram apresentados por Sarah Ananda Gomes (foto), médica líder nacional de Cuidados Paliativos do Grupo Oncoclínicas, e destacam a necessidade de promover o envolvimento do paciente e melhorar a adesão às avaliações do ePRO no contexto de cuidados paliativos.

Luís Carlos Lopes-Júnior (foto), do Grupo de Pesquisa em Oncologia, apresentou no ESMO 2024 resultados sobre Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS) de pacientes brasileiros com câncer com indicação de quimioterapia e fatores associados. A análise  sublinha a necessidade de ferramentas validadas que avaliem a QVRS, permitindo identificar precoce os problemas para promover intervenções imediatas e personalizadas.

O estudo de fase 3 TROPION-Lung01 demonstrou benefício estatisticamente significativo na sobrevida livre de progressão (SLP) com datopotamab deruxtecan (Dato-DXd) vs docetaxel em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) avançado previamente tratados; a eficácia foi impulsionada por aqueles com histologia não escamosa (NSQ). Análise post hoc selecionada no ESMO 2024  apresentou dados de pacientes com CPCNP NSQ por status de metástase cerebral basal, demonstrando que Dato-DXd teve eficácia superior a docetaxel nessa população, independentemente do status de metástases cerebrais, com perfil de segurança administrável.

Estudo multicêntrico que avaliou o impacto da cessação do tabagismo pós-diagnóstico em pacientes com câncer de cabeça e pescoço (CCP) mostra que parar de fumar reduz significativamente o risco de morte e melhora a sobrevida, reforçando a importância de intervenções para a cessação do tabagismo pós-diagnóstico como parte do tratamento do câncer de cabeça e pescoço entre pacientes que fumam. O trabalho tem participação brasileira, incluindo a do pesquisador Fernando Dias (foto), do Instituto Nacional de Câncer (INCA), e mostra que parar de fumar foi associado a um risco 33% menor de morte em comparação com o tabagismo contínuo (HR=0,67).