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ASCO GU 2025

O estudo de Fase III TALAPRO-2 atingiu seu desfecho primário, mostrando melhor sobrevida livre de progressão radiográfica (rSLP) para a combinação de talazoparibe e enzalutamida (TALA+ENZA) versus placebo+ENZA como tratamento de primeira linha para pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração (CPRCm) não selecionados para alterações genéticas de reparo de recombinação homóloga (HRR) (todos os participantes; coorte 1). No ASCO GU 2025, dados finais de sobrevida global (SG) confirmam o benefício da combinação (45,8 meses vs 37,0 meses), assim como os dados atualizados de rSLP, que continuam a favorecer TALA+ENZA, sem novos sinais de segurança. O trabalho tem participação do oncologista brasileiro Andre P. Fay (foto).

No estudo de fase 3 NIAGARA, que inscreveu pacientes com câncer de bexiga com invasão muscular (MIBC), durvalumabe perioperatório mais quimioterapia neoadjuvante (NAC) demonstrou benefício clínico e estatisticamente significativo na sobrevida global (SG) e livre de eventos (SLE) em comparação com NAC exclusiva, com perfil de segurança administrável e sem prejuízo à capacidade de se submeter à cistectomia radical. Análise exploratória apresentada no ASCO GU 2025 mostra que pacientes que receberam durvalumabe perioperatório tiveram redução de 31% no risco de morte por câncer de bexiga e de 33% no risco de desenvolver metástases. “O estudo suporta durvalumabe e quimioterapia neoadjuvante como potencial nova opção para os pacientes com MIBC elegíveis a cistectomia radical", observa Marcus Sadi (foto), chefe do setor de uro-oncologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

O inibidor de PD-1 cemiplimabe é aprovado para pacientes com carcinoma espinocelular cutâneo localmente avançado ou metastático. No ASCO GU 2025, resultados do estudo de Fase II  EPIC-A apresentados pelo oncologista Amit Bahl (foto) apoiam o tratamento com cemiplimabe e quimioterapia baseada em cisplatina como opção de primeira linha em pacientes com câncer peniano localmente avançado/metastático. Em 12 semanas, a taxa de benefício clínico foi de 62,1%, cumprindo o principal desfecho do estudo, e a  taxa de resposta objetiva (ORR) alcançou 51,7%.

Destacado em sessão oral no ASCO GU 2025, o estudo COTRIMS avaliou a eficácia da linfadenectomia retroperitoneal primária (RPLND) sem quimioterapia adjuvante em seminomas com estágio clínico IIA/B. Os resultados apresentados por Axel Heidenreich (foto), chefe do Departamento de Urologia do Hospital Universitário de Cologne, mostram que RPLND resulta em altas taxas de cura associadas à baixa frequência de complicações e deve ser incluída nas opções de tratamento. O estudo também sugere que o biomarcador miR371 é sensível para prever a presença de metástases.

O estudo CheckMate 214 estabeleceu nivolumabe e ipilimumabe (NIVO+IPI) como regime padrão de primeira linha no carcinoma de células renais (RCC) avançado, com sobrevida superior e resposta durável versus sunitinibe (SUN). Estudos anteriores mostraram que altos níveis de KIM-1 circulante estão associados a pior prognóstico, enquanto a redução nos níveis de KIM-1 está associada ao benefício da imunoterapia adjuvante. Análise post-hoc apresentada no ASCO GU 2025 por Wenxin Xu (foto), do Dana-Farber Cancer Institute e da Harvard Medical School, mostrou que KIM-1 pode ser um biomarcador minimamente invasivo para monitorar pacientes em imunoterapia.

No estudo de fase III CheckMate 9ER,  a combinação de nivolumabe e cabozantinibe (N+C) mostrou benefício significativo versus sunitinibe (S) na sobrevida livre de progressão, sobrevida global e taxa de resposta de pacientes com carcinoma renal avançado sem tratamento prévio (N Engl J Med 2021). No ASCO GU 2025, Robert Motzer, do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, apresentou resultados finais com acompanhamento de longo prazo (>5 anos), demonstrando que a combinação de N+C continua a favorecer todos os desfechos de eficácia, sem novos sinais de segurança. O estudo tem participação brasileira, do oncologista Carlos Barrios (foto).

As medidas existentes de qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) podem não capturar totalmente as experiências de pacientes com carcinoma de células renais (RCC) localizado e avançado. Cristiane Bergerot (foto) é primeira autora de poster selecionado para apresentação no ASCO GU 2025, com estudo que buscou desenvolver uma métrica de QVRS validada e centrada no paciente, incorporando insights de organizações de advocacy, pacientes e especialistas clínicos. Esse esforço colaborativo resultou na ferramenta FSKI-23, cuja validação está em andamento.

O papel da nefrectomia citorredutora (NC) em pacientes com carcinoma de células renais metastático (mRCC) após terapias baseadas em inibidor de checkpoint imunológico (ICI) permanece em debate. Coortes retrospectivas relataram redução nos tumores primários e nenhum tumor residual em espécimes primários (pT0), mas a relevância clínica não foi explorada. Paulo Siqueira do Amaral e Gabriel Polho (foto) participam de estudo apresentado no ASCO GU 2025 que buscou avaliar os resultados patológicos da NC após ICI, com achados que indicam que pacientes que atingiram necrose extensa parecem ter risco reduzido de progressão da doença.

O tratamento com durvalumabe combinado à gemcitabina intravesical e docetaxel sugere eficácia clínica promissora, com alta taxa de resposta completa. É o que apontam os resultados de fase 1/2 do estudo ADAPT-BLADDER (coorte 4), apresentados no ASCO GU 2025 por Noah Hahn (foto), da Johns Hopkins Scholl of Medicine.

LY3866288 é um agente experimental com atividade contra mutações de resistência adquiridas do  receptor 3 do fator de crescimento de fibroblastos (FGFR3). Dados iniciais da coorte de escalonamento de dose do estudo FORAGER-1 demonstram que o agente é bem tolerado e tem atividade clínica inclusive no câncer urotelial metastático refratário a erdafitinibe. Os resultados foram apresentados no ASCO GU 2025 por Gopa Iyer (foto), oncologista do Memorial Sloan Kettering Cancer Center.

A combinação de durvalumabe com quimioterapia (QT) à base de platina mostrou atividade promissora em pacientes com carcinoma urotelial do trato superior após nefroureterectomia radical. É o que revelam resultados de estudo de fase II apresentados no ASCO GU 2025 por Nadine Houede (foto), do Departamento de Oncologia da Universidade de Montpellier, demonstrando que a combinação resultou em alta taxa de resposta patológica completa. O estudo teve publicação simultânea no Journal of Clinical Oncology (JCO).