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Coberturas Especiais

No estudo OlympiA, o tratamento de um ano com olaparibe adjuvante estendeu significativamente a sobrevida livre de doença invasiva e a sobrevida global de pacientes com câncer de mama inicial HER2-negativo de alto risco com variantes patogênicas BRCA1/2, benefício que embasou a recomendação deste regime após tratamento padrão. Agora, resultados de longo prazo apresentados por Judy Garber (foto) no SABCS 2024 demonstram que, em um seguimento mediano de 6,1 anos, 79,6% dos pacientes tratados com olaparibe ficaram livres de recorrência invasiva e 83,5% livres de recorrência distante, em comparação com 70,3% e 75,7% no grupo placebo, respectivamente. O tratamento adjuvante com olaparibe foi associado à redução de 28% no risco de morte.

Dados do estudo SOLTI-VALENTINE apresentados pela oncologista Mafalda Oliveira (foto) no San Antonio Breast Cancer Symposium mostram  atividade encorajadora do conjugado anticorpo-medicamento direcionado a HER3 (HER3-DXd), sugerindo seu papel como potencial estratégia de tratamento para câncer de mama HR+/HER2-negativo de alto risco. O agente experimental alcançou altas taxas de resposta patológica completa e promoveu sensível redução no risco de recorrência, com bom perfil de segurança.

Robert Hills (foto) apresentou resultados de longo prazo de três ensaios randomizados comparando cirurgia de mama imediata mais tamoxifeno versus tamoxifeno sozinho em mulheres com idade ≥70 anos. A meta-análise mostra que a cirurgia mamária imediata reduziu muito as taxas de progressão locorregional durante os primeiros 5 anos e diminuiu aproximadamente pela metade as taxas anuais de morte pela doença e a recorrência distante após os primeiros 5 anos.

O oncologista Paolo Tarantino (foto) apresentou no San Antonio Breast Cancer Symposium dados do mundo real sobre o desempenho de regimes administrados após trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) no tratamento do câncer de mama metastático. Os resultados diferiram significativamente pelo subtipo do câncer de mama e o regime administrado. A análise também revela que o uso de sacituzumab govitecan foi associado à sobrevida livre de progressão modesta (≤3 meses) entre os subtipos – a menor SLP observada entre os regimes administrados após T-DXd -, sugerindo algum grau de resistência cruzada entre os ADCs da topoisomerase 1.

Os implantes hormonais são um problema real em pacientes com diagnóstico de câncer de mama. Estudo de pesquisadores da Beneficência Portuguesa de São Paulo, com participação do oncologista Antonio Carlos Buzaid (foto), mostra que os níveis de E2 podem permanecer elevados muitos anos depois da colocação do implante e alguns implantes não podem ser removidos cirurgicamente, resultando em elevação crônica dos níveis de E2, com grande impacto na seleção da terapia endócrina para essas pacientes. “Nestes casos, somente o tamoxifeno pode ser utilizado como parte da terapia endócrina adjuvante”, destacam os autores, em trabalho apresentado no San Antonio Breast Cancer Symposium.

Análise pré-planejada de qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) do estudo de Fase 3 Europa foi destacada em General Session no SABCS 2024, em apresentação de Icro Meattini (foto), oncologista da Universidade de Florença. Os resultados mostram que mulheres com idade ≥70 anos com câncer de mama luminal em estágio I tratadas com terapia endócrina adjuvante tiveram QVRS significativamente reduzida ao longo de 24 meses em comparação com idosas que receberam radioterapia.

Análises do banco de dados EBCTCG de 2014 sugeriram que, no câncer de mama inicial, a obesidade estava fortemente associada de forma independente à mortalidade por câncer de mama na doença pré/perimenopausa com receptor de estrogênio positivo (Pan et al ASCO 2014). Agora, com base no banco de dados EBCTCG de 2024, muito maior, os pesquisadores buscaram caracterizar melhor a associação do índice de massa corporal (IMC) com os desfechos clínicos. Os resultados foram apresentados em General Session no SABCS 2024 e mostram que sobrepeso e obesidade estão associados ao aumento da recorrência à distância e da mortalidade por câncer de mama em todos os tipos de pacientes com doença inicial, mas o risco é apenas moderado.

Gabriel Polho (foto), médico residente do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), apresenta no SABCS 2024 estudo que avaliou o papel da razão neutrófilo-linfócito (RNL) na predição da sobrevida após quimioterapia neoadjuvante no câncer de mama triplo negativo. Os resultados mostram que a RNL >2 foi um fator de risco independente para pior sobrevida e deve ser considerada em protocolos neoadjuvantes.

Judy Boughey (foto), da Mayo Clinic, apresentou no SABCS 2024 resultados do estudo da Alliance (AO11202) com pacientes com câncer de mama, mostrando que naquelas com  doença residual nodal positiva após quimioterapia neoadjuvante, a taxa de doença nodal adicional na conclusão da linfadenectomia (ALND) foi de 46% e aumentou com a presença de macrometástases do linfonodo sentinela (SLN) e com o aumento do número de SLNs positivos. Os achados no grupo ALND resultaram em aumento de 24,7% na categoria ypN, aumento que foi menos frequente na doença HER2+.

Em 2020, durante a pandemia de COVID-19, a redução no número de mamografias realizadas no Brasil em relação a 2019 foi de 39,6%, como aponta estudo selecionado em poster no SABCS 2024, que tem como primeiro autor o oncologista André Mattar (foto). O trabalho sugere o impacto da pandemia em atrasos na detecção e no diagnóstico do câncer de mama, que resultaram na identificação tardia de estágios mais avançados da doença.

Subanálise do estudo LATINA Breast selecionada no programa do San Antonio Breast Cancer Symposium, em apresentação de Gustavo Werutsky (foto), mostra dados de pacientes de 31 centros de tratamento do câncer em 10 países da América Latina e revela que o Brasil tem o maior tempo entre o diagnóstico do câncer de mama inicial e o primeiro tratamento, com mediana de 87 dias, enquanto Cuba aparece com o menor tempo, com mediana de 14,5 dias entre a data da biópsia e o início do tratamento. No geral, 46,1% das pacientes avaliadas aguardaram mais de 60 dias para o primeiro tratamento. Evidências mostram que atrasos no início do tratamento para câncer de mama inicial estão associados a maiores taxas de recidiva e mortalidade.