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Raphaela Menezes de Oliveira e Aline Maria Araújo Martins assinam editorial da edição de junho da Frontiers in Oncology (vol 14), que destaca o papel crescente da espectrometria de massa. “Inicialmente consolidada em estudos de pesquisa de metabolômica e proteômica, a espectrometria de massa está agora a caminho de se estabelecer como a ferramenta fundamental dos clínicos modernos. Da prospecção de potenciais biomarcadores à discriminação de tecidos em cirurgia e medicamentos personalizados, a técnica evoluiu para orientar decisões médicas críticas e imediatas, com alta sensibilidade e especificidade”, descrevem as autoras.

Em estudo de coorte que avaliou prospectivamente 1719 pacientes com câncer colorretal (CCR) em estágio I-III na Holanda, o consumo diário de mais de 4 xícaras de café foi associado a um risco 32% menor de recorrência de CCR, assim como reduziu o risco de mortalidade por todas as causas. “Até onde sabemos, esta é a primeira pesquisa a avaliar a potencial associação não linear entre o consumo de café e a mortalidade por todas as causas em pacientes com CCR”, analisam os autores, em artigo publicado na edição de junho no International Journal of Cancer.

Arnon P. Kater (foto), do Amsterdam UMC Cancer Center, apresentou no EHA 2024 os primeiros dados do estudo de fase 1b/2 avaliando epicoritamabe em pacientes com transformação de Richter. Os resultados destacados em sessão oral demonstram que epcoritamabe em monoterapia levou a taxas de resposta encorajadoras, assim como promoveu resposta completa em uma população de pacientes de alto risco. “Esses dados apoiam uma avaliação mais aprofundada de epcoritamabe como opção de tratamento sem quimioterapia para pacientes com RT”, destacou Kater.

A agência Norte americana Food and Drug Administration (FDA) aprovou durvalumabe (Imfinzi®, Astrazeneca) em combinação com carboplatina mais paclitaxel seguido de durvalumabe como agente único para pacientes adultas com câncer de endométrio primário avançado ou recorrente com deficiência de reparo de incompatibilidade (dMMR). A decisão é baseada nos resultados do ensaio clínico de Fase 3 DUO-E.

Nos últimos dias e semanas de vida, muitos pacientes com câncer desenvolvem delirium. Revisão publicada na Cancers busca fornecer uma discussão aprofundada dos ensaios clínicos sobre delirium no cenário de cuidados paliativos, com foco em estudos que investigam intervenções farmacológicas. Carlos Eduardo Paiva (foto), do departamento de Oncologia Clínica do Hospital de Câncer de Barretos, é autor correspondente, e David Hui, do Departamento de medicina paliativa do MD Anderson Cancer Centre, assina como primeiro autor.

O periódico Diseases of the Colon & Rectum seleciona a cada ano a pesquisa de maior impacto na especialidade nos últimos 5 anos, destacada com a premiação Robert D. Madoff, MD Impact Paper Award. Este ano, o reconhecimento foi para o estudo brasileiro (Achieving a Complete Clinical Response After Neoadjuvant Chemoradiation That Does Not Require Surgical Resection: It May Take Longer Than You Think!) de Angelita Habr-Gama, Guilherme São Julião, Laura Fernandez, Bruna Vailati, Andres Andrade, Sérgio Araújo, Joaquim Gama-Rodrigues e Rodrigo Perez (foto).

Editorial da edição de junho do Lancet Oncology lembra que, em 18 de abril de 2024, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou a primeira Carta de Direitos de Segurança do Paciente para delinear os direitos em relação à saúde e segurança, além de apoiar a formulação de políticas e diretrizes para sistemas de saúde centrados no paciente. “A busca pela segurança do paciente transcende fronteiras e disciplinas, exigindo compromisso coletivo para construir sistemas de saúde que não deixem nenhum paciente para trás. Pacientes com câncer não podem esperar — nós devemos agir agora”, destaca a publicação.

Idade e etnia têm impacto na sobrevida do câncer mucinoso primário de ovário, como descrevem Sudha Sundar e colegas, em artigo no International Journal of Gynecological Cancer. A análise indica que mulheres mais jovens (≤45 anos) têm maior risco de invasão infiltrativa e mulheres do sul da Ásia apresentam menor sobrevida global em relação às brancas.

A preservação da fertilidade utilizando estimulação ovariana não foi associada a um impacto prejudicial em curto prazo no prognóstico de pacientes com câncer de mama que interrompem a terapia endócrina adjuvante para tentar engravidar. Os resultados são do estudo POSITIVE, apresentado inicialmente no SABCS 2023 e publicado no Journal of Clinical Oncology (JCO).

Estudo publicado no Supportive Care in Cancer destaca o impacto prejudicial dos distúrbios motores nos sobreviventes de câncer colorretal após a quimioterapia à base de oxaliplatina. “Os oncologistas devem priorizar a avaliação e o manejo das manifestações motoras juntamente com os sintomas sensoriais para melhorar a qualidade de vida pós-câncer”, defendem os autores.

O exercício pós-diagnóstico/pré-tratamento está associado a menor risco de eventos de sobrevida livre de recorrência à distância de forma não linear no câncer de mama primário, com impacto diferente conforme o subtipo da doença e o status menopausal. É o que sugere análise multicêntrica publicada no Journal of Clinical Oncology (JCO).

Os sistemas de inteligência artificial (IA) têm o potencial de auxiliar o diagnóstico do câncer de próstata, prevenindo o sobrediagnóstico e reduzindo a dependência de radiologistas experientes. Estudo do Consórcio PI-CAI (Prostate Imaging: Cancer AI) mostra um sistema de IA que pode ser uma ferramenta de suporte dentro de um cenário de diagnóstico primário, com benefícios para pacientes e radiologistas. “A validação prospectiva é necessária para testar a aplicabilidade clínica deste sistema”, propõem os pesquisadores.

O risco de segundos tumores após terapia com células T do receptor de antígeno quimérico (CAR), especialmente o risco de neoplasias de células T relacionadas à integração do vetor viral, é uma preocupação emergente. Resultados de Hamilton et al. publicados na New England Journal of Medicine (NEJM) destacam a raridade de segundas malignidades, com métodos que servem como referência para a caracterização de tumores após terapia com CAR T cells e para o monitoramento de vetores virais.

Os resultados do estudo CAIRO4 mostram que a ressecção inicial do tumor primário seguida de quimioterapia de primeira linha à base de fluoropirimidina com bevacizumabe não tem benefício de sobrevida em pacientes com câncer colorretal metastático (mCRC) síncrono sem sintomas graves do tumor primário. “Esta prática não deve mais ser considerada padrão de tratamento”, destacam os autores.

Pesquisas financiadas pela indústria do tabaco ainda aparecem em revistas médicas de alto impacto, mostra estudo publicado na BMJ e no periódico The Investigative Desk. Os resultados revelam que, embora a indústria do tabaco tenha uma longa história de subversão da ciência, a maioria das principais revistas médicas não tem políticas que proíbam pesquisas total ou parcialmente financiadas pela indústria do tabaco, incluindo publicações nas áreas de oncologia, cardiologia e medicina respiratória.

A epidemiologista Maria Paula Curado (foto) é coautora de estudo publicado no periódico da União Internacional de Controle do Câncer, em análise que avaliou o efeito protetor da ingestão de folato no risco de câncer gástrico (CG), a partir de dados agrupados do Consórcio  StoP (Stomach Cancer Pooling Consortium). Os resultados fornecem mais evidências do papel do folato na redução do risco de CG, mas sugerem que o consumo de mais de duas bebidas alcoólicas por dia parece neutralizar esse benefício.